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terça-feira, 21 de abril de 2015

Verossimilhança

-- Esses últimos versos são minha despedida, quero agradecer aos que doaram alguns minutos de atenção, e até breve!

Melodrama sugerido pela paisagem
Me diz que tudo é bobagem
A chama é acessório para vermos as pinturas
Nada é real, nada é certo
A porta dos fundos quem traz a saída
Mas como fugir de mim?
O encontro de duas aves que voam solitárias, remontam o cenário
Destroem os atalhos, e mostram que ao fim de tudo, somos cada um por si

Achamos que poderia dar certo
Fim incerto
A esperança que nos envolve não é real
Na verdade nada aqui é real
O que vivemos, o que somos
Nos enganamos, fingimos acreditar nisso tudo
Sabemos que nunca poderemos nos salvar do nosso inferno
Não sou sua solução
Você não é minha razão
Não se engane
Nunca fui um ponto de fulga
E não tente me enganar, não finja ser meu "pit stop"
Você não tem as peças que eu preciso para me fazer completo denovo

Lembranças escorrem no rosto
Me lembram o quão salgado é o gosto
Lá fora ainda cai a chuva
Umedece a relva, que tão suave cresce
A sua dor ultrapassa as barreiras que nos separam
E eu posso então te sentir
Tão fraca, sua voz ouvir
Busco meios de acreditar
Talvez já não possa
Mas não sei

Pois a água que chega, só vem a canela
A luz que alumia, passa pela janela
Restos, migalhas
Nunca um rosto, nunca um todo
Pois conhecemos bem o nosso abismo
Para morrer, basta estar vivo
A cada centímetro um perigo
Uma cova que nos espera
Um novo início no fim da guerra

Sendo tão frágil, sinto que agora é melhor me silenciar
E tentar espantar o seu medo
Não chore por hoje, isso me destrói
Talvez esteja sentada em seu sofá
Lendo jornais a me esperar
À procura de vícios, nas brechas que ousei deixar

Assim como quando choro um lenço enxuga minhas lágrimas, quando minha caneta se apossa da minha dor e chora, faz assim com que as folhas da minha agenda enxugue as dela
Uma mancha no mapa da minha historia
Se eu soubesse escolher quais as palavras devo usar, deixaria mais tortas as suas diretas
Por instantes assisto a paisagem, mas nada é tão real
Não te vejo
Mas e se visse?
Qual a diferença?
Não sei

Que grande poeta sou eu, me pergunto e não sei a resposta
Acho que é chegada minha hora
Esqueça a minha fala, não tornarei a usar
Não sinto palavras tão receptivas
Cheguei ao fim, e encontrei a partida
Encontrarei um novo início no portão da saída

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Do outro lado do mar

Quem me dera hoje pudesse ver teu sorriso
Olhar-te, e também o teu brilho
Queria eu poder secar-te as lágrimas
Apagar as falhas
As lacunas que hoje se abrem no coração
Mas não posso, estou sem ação
Sem expressão
Ser nulo
Que quer, mas não muda seu mundo
As cores que estavam acesas
Oh quanta beleza

Mas não chores mais por hoje
Sei que a dor é um algo fatal
Mas não a tome
" I feel your pain, but let's again? "
Nós podemos superar!
Vamos juntos
Me dê a mão, eu posso te ajudar
Eu acho
Sem certeza, mas podemos tentar
Ainda há tempo
Espero ainda estar em tempo
Espero poder fazer-te esquecer

Agora me pergunto, o que dizer?
O que falar?
O que teria proveito, se melhor nos é calar?
Esperar que a maré baixe pra então navegar
Se preciso, eu posso te carregar
Te por no barco a dormir e, enquanto descansas, remar
Ou até que esteja apenas a escrever
Sujando o papel, com sentimentos
E um pensamento, que como sempre, está em tempo
Estarei aqui
E enquanto que minha vela não se enche de ar
Apenas escrevo do outro lado do mar

terça-feira, 7 de abril de 2015

Esteja para mim, como estou para você

Do que adianta chorar pelo amanhã, se ele vai ser tão ruim quanto hoje?
Tem dias que acordamos para viver, outros, para morrer
E é estranho quando seus heróis desaparecem, e você se torna o herói de alguém
"Mas logo eu? Um ninguém?"
Sim, eu
Quando seus heróis são postos à prova, o que nos resta é torcer

É incrível como entramos em salas, buscamos a volta, e não a encontramos
Nos vemos perdidos, mesmo que, se da porta, estivermos diante

Por vezes eu sinto que preciso deitar minha cabeça
E chorar até que a sinta mais leve
Chorar e, sutilmente, deixar que as lágrimas me levem
Peço, por favor, que alguém me traga, ou me leve ao lugar
Me dê um novo olhar
Pois me sinto uma farsa egoísta, que por medo, esconde sua fraqueza
Um turbilhão de incerteza

Quero que esteja aqui
Quero que seja diferente
Um alguém que eu possa contar
Mas venha antes do osso secar, pois me encontrei, e estou a chorar

sexta-feira, 27 de março de 2015

Vermelho II

Me disseram certa vez que, depois de ti, renasci
Mas como, se nunca morri?
Apenas dormi
Sonhava um sonho bom
Pelo qual notei belas cores
Estimulos aos cones e bastonetes
Diria eu, lindos pantones
Variações
Um círculo cromático em torno de pensamentos
Que soam suaves como o vento

Agora sei que sou um menino sozinho que vive a margem do infinito
Observando as estrelas e suas mensagens
Enquanto isso, em algum lugar, a chuva cai
Refrescando pensamentos atordoadores
Já sinto o cheiro, ouço rumores, mas será que vem?
E se vier, vem a quem?

Memória por memória
Parece justo
Pois em seus passos está escrito o caminho
E o sigo fielmente, indiferente
Renovo sem trocar os ciclos
Corro contra o tempo, e busco por teu veneno
Sem intenção de achar...
Hum... Sei...

terça-feira, 17 de março de 2015

Por dentro

Intrínsecamente quando se perde a esperança, uma estrela brilha
Um olhar introspectivo a sonda
Desperta-se a busca
Inicia ali uma nova luta
Escando para que me entendas
E a mim se estenda
Não sei se por necessidade
Ou por mera vontade

Esse sou eu, ou isso
Não sei, mas sou
Ainda sentado, te olho nos olhos
Vejo a beleza feminina
Vejo o toque de uma menina
Uns têm medo da morte, outros medo da vida
Uns têm medo da dor, outros da ferida

Enquanto as lágrimas não secam, regarei as rosas que jogarei no teu velório
Dando corda, nota que é um boneco de pano, e vê que seu corpo se desfaz
Quando de tudo faz para ser visto
Enquanto que você foge
Talvez eu não te ache
Por mero azar, ou muita sorte
Cada manhã me vejo mais forte

Estando cego

Cansei de acreditar em minhas mentiras
Alguém, por favor, me traga a realidade alternativa que seja real
Pois me perdi em minhas memórias
Agora me baseio nas pequenas histórias
Criei uma realidade em que tenho verdadeiros heróis

Cada trecho que desvendo deste mundo, me aproximo mais do meu passado
De fato, não sei lidar
Imagine o mundo sem um sol para nós
E é isso que me ocorre agora
Deitado, em meu quarto
Agora os medos me domam
Minhas dores superam barreiras
Transpassam estrelas
Imagine o mundo sem um sol para nós

Será que suas lágrimas me farão redimir os pecados?
Pois meu coração aos pedaços, se refaz na parede do seu quarto
Que se junta a tantos mais
Nessa vida de guerra, descobri
Cada vivo, é quem se enterra
Se afunda

Sempre há fichas pra recomeçar
Solicite a sua no próximo caixa
Pois a vida é uma só
Não se iluda, o microfone perde o sentido nas mãos de quem grita
Mas o entregue àquela quem cala aflita
Torça o silêncio até que pinguem as palavras
Ainda que arrastada, ou falha, venha a fala
A qual te toma, e arrebata
Lentamente te acalma

domingo, 15 de março de 2015

Caminhos de um homem perdido

Muita calma pressupõe pensamentos aleatórios
Um concerto sem repertório
Uma alucinante busca de um horizente
Ou ao menos um norte
" À quem devo tamanha sorte? "
Disse o maestro com um "sorrisinho" irônico
Pra nós, plateia, cômico
E apenas assistindo, ainda sentado
Noto que somos nós quem faz o palco

O concerto é nossa vida
Nossos caminhos
"Caminhos de um homem perdido", eu diria
Como definir minha rota?
Quem ou o que será meu "GPS"?
Tenho dó daqueles à quem Deus esquece
Daqueles, minh'alma se compadece
Pena que logo esquece
Em si, se perde
Sua aflição descreve, pois cresce

Por trás de uma noite ruim, esconde-se um céu estrelado
Uma bela lua cheia
Que brilha por si só
Atrai olhares, inspira vontades
A sede de tocar o céu
Ou de chegar-se  a ele
Infringindo leis da física
Mostrando, e não só mostrando
Provando, que o infinito está logo ali
Próximo da ponta do dedo
Aquela que aponta em direção ao céu
Com olhar cheio de esperança

A fértil imaginação da criança
Que cria, imagina
Trazendo o céu ao chão, como que com magia
Apenas num olhar
E seus olhinhos, encantados consigo mesmo, começam a brilhar
Sempre inovando, sem limites, se transformando
Atraindo ao que vem, ao que vai
Ao que entra, e ao que sai
Dando uma nova perspectiva
Um novo sentido a vida

quarta-feira, 11 de março de 2015

Vermelho

Vejo teu nome brilhar nas estrelas
E te busco em rostos, olhares
Em gestos, em lugares
Na multidão dos vagões te busco
Mas o vácuo entre nós te ofusca
E ao longe oculta
Tua pele, me reflete o sol
Apenas a sinto brilhar
Sem muita clareza te assisto
Oh que brilho, que bela dama
Que apenas com olhares encanta

Seu sorriso de lado, me desperta a emoção
"Frenética visão, aguente coração!"
Pois o tal parecer saltar à boca
E, muito inocente, se torna tão vermelho quanto sua touca
Ou sua bela boca

Nós brilharemos como as estrelas do céu
Nossas histórias serão contadas debaixo de uma bela lua, ao redor da fogueira
Teus gestos tão singelos me trarão a certeza
Sem ligação com beleza, mas sim com teu jeito
Que não poderia ter melhor escolhido
Esperando o teu sinal estou
Em tal intevalo perco o sentido, fico aflito
Talvez constrangido
Mas te assistindo me perco
E  tão logo me encontro em seu vermelho

segunda-feira, 9 de março de 2015

Opróbrio casual

Oh, imprescindível opróbrio
Porque me assolas?
Transladas minha mente por trás e por diante
Seria eu, ao acaso, seu amante?
Me adornes com a resposta
Me aqueças abrindo a saída
Mostre me a porta
Dê-me por alma aflita, a qual cumpriu seu papel
Por amor, dó ou migalhas, me dê o céu

Acaso teria eu esquecido o meu amor?
Acaso abonei teus serviços?
Acaso teria judiado de alguém?

Mas por certo, entraste em meu lar
Meu único bem
Em putrefação largaste-me
As ideias que lá viviam, agora são comidas
Corroem entre si o seu sentido
Mas não o sabem

Redigindo agora, vejo a perda
Pois palavras não se criam mais
Dê-me perdão!
Um último beijo, uma canção
O exalar das palavras
Ou tranque-me a fala
Pois não a quero
A menos que consiga um suspiro de palavras
Um transpirar de versos, um encharcar de poemas
Se não o for, me venha com edaz
Me traga um copo de veneno, pois só me falta a morte
E percebo agora o quanto estou apodrecendo
Morrerei, honrarei meu lar
Te darei um último golpe
Eis aqui o tal...

Findou-se o falar
Agonizou até a morte, e em diante, seguiu a putrefar

Brisa, calmaria

Tu quem me tocas o rosto
Belo e perfeito é teu gosto
Quem me induz a fazer
E a belas palavras escrever
Me levas a calmaria, tranquilidade
Paz e liberdade quem invade
Transpassa, translada
Se impõe, e me cala

Mas o que diria?
Em tal embalo viajo
Desfruto da sua imposição
Como que escravo, me acorrento à tuas mãos

Te peço, me leve, me guie
Mas não a saída
Brisa, ventania
Calma, calmaria
Exposta ou inibida

Não quero dinheiro
Não quero casa
Não quero mulher
Não quero cama

Quero a prisão, as correntes
Escravidão, e um sorriso contente
Não vivo por amor, nem por quem ama
Hoje vivo o meu, vivo o seu, vivo o nosso nirvana