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sábado, 13 de dezembro de 2014

Acaso

Estou sentado naquela mesma cadeira
Meu telefone, está sobre a mesa
Aquela da varanda
E o assisto
Espero uma ligação sua
Mas ainda não contei pra mim
Eu penso que estou só a espera

Acaso ligasse, eu te diria milhões de coisas
Falaria sobre o tempo, as estações
Talvez sobre meu livro, do qual me inspirou a escrever

Como ligaria?
Talvez esteja feliz em seu lugar
No que quer que esteja fazendo
E se por irônia você continuou a cantar?
Nossa, como o tempo passa
Ainda ouço seus discos, sabia?
Vejo fotos, e me apego ao acaso
A espera de que ele me surpreenda

Me levanto, caminho até a cozinha
Pego minha caneca de café, e me sento novamente
E continuo a ouvir o ponteiro, ele insinua que não ligará
Mesmo com tudo espero
E estou aqui
Recordando das conversas, e até discussões

Quando sinto alguém a tocar meu ombro
E eu desperto, essa voz doce me invade, e diz:
Papai, o senhor dormiu aqui fora denovo
E, fico confuso, mas retruco:
Onde está sua mãe minha filha?
E a resposta me diz o porque de eu esconder de mim a falta da ligação

Recomeço agora, e fico a pensar
Sentado estou a escrever
E tenho certeza que se ligasse, não brigaria
Pelo contrário, atenderia pelo simples prazer de te ouvir
Mas enquanto não liga, o vinil não vai parar
Nem minha cadeira
Pois as batidas se unem
E a brisa me invade

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