A manhã tão fria, meu café esfriou
Nove da manhã, e o tempo se arrasta
Te ver, e não te ter, já não tem graça
Olhos ainda embaçados
Nessa manhã, os pássaros acordaram e permaneceram calados
Será que sentiram sua falta?
Perceberam o tom de perda em minha fala?
Ou espiaram pela janela minha sala?
Seu cachecol, azul escuro, não está mais por minhas tralhas
E acaba que revela tudo
A sua falta em meu mundo
As histórias em meu criado-mudo
Costumávamos ler a beira da lareira
Hoje te entendo, e aceito que não era uma besteira, tudo tinha um sentido
Mas agora está tudo perdido
Suas roupas, cartas, frases
Cada palavra é o que resta
Pensar naquele momento me desespera
Você deitada sem fôlego, sem ar
Eu tentei, mas não consegui gritar
O ponteiro lentamente girava
Eu assistia vagarosamente meu mundo se despedaçar
Seus longos cabelos estirados
Seu lindo rosto com tons avermelhados
Seus olhos já não brilhavam
Suas pequenas mãos, bem fraquinhas, me apalpavam
Pedia-me pra não te deixar, e dizia pra eu de lá não sair
Mal sabia eu, que era você quem iria me abandonar
Hoje é a minha vez de chorar, fazer uma prece, suplicar
Que esta cicatriz venha se fechar
Tudo esta da mesma forma que deixou ao sair
Nosso cãozinho ainda te espera vir
Sentado à porta não cansa de esperar
Assim como eu, ainda tem a esperança de que vai voltar
Porque talvez assim a alegria volte a reinar
Mas enquanto não chega, sentarei à lareira, e irei chorar
Olhar suas fotos, e tentar me inspirar
Recriar poemas, achar alguém que os queira ler
Renomear as citações, e sobre você não escrever
Mas o que seria do amor, se não houvesse a dor?
O que seria eu, sem você?
Não sei!
Voltarei à escrivaninha, e tentarei entender
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